Não existe concurso perfeito na área da comunicação social.
Sempre haverá algum aspecto que desagrada os candidatos, seja o salário, a carga horária, o número de vagas ou o tempo reduzido para estudar.
Cada concurso reflete a realidade da instituição e, por isso, é natural que apresente limites e imperfeições.
O importante é analisar cada edital com objetividade e foco no seu objetivo profissional.
Remuneração: além do salário inicial
O principal descontentamento costuma ser a remuneração inicial, muitas vezes considerada baixa.
A remuneração inicial é apenas o ponto de partida.
É preciso avaliar o conjunto da remuneração, incluindo benefícios como auxílios (alimentação, refeição, transporte), plano de saúde e gratificações.
Outro ponto essencial é a existência de plano de carreira, com progressão salarial e possibilidades de desenvolvimento.
Localização x custo de vida
A localização geográfica também pesa.
Grandes centros, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, possuem custos elevados em moradia e deslocamento, principalmente.
Em contrapartida, oferecem programação cultural diversificada, serviços especializados, oportunidades de capacitação e maior oferta de empregos complementares.
No interior, os salários tendem a ser menores, mas podem se tornar mais vantajosos quando considerados o custo local e as condições de bem-estar.
Portanto, não existe a “melhor” remuneração, e sim aquela que atende às expectativas e ao planejamento de vida.
Vagas: você só precisa de uma
Outro ponto de queixa é o número reduzido de vagas.
Muitos reclamam de editais com uma, duas vagas ou apenas cadastro de reserva (CR).
Na prática, basta uma vaga para ser aprovado.
Também há resistência aos concursos com cadastro de reserva.
O argumento frequente é o receio de não ser convocado.
Porém, o cadastro de reserva serve para formar um banco de candidatos qualificados e dar flexibilidade ao órgão para suprir necessidades futuras, sem custos adicionais de um novo concurso.
A incerteza orçamentária e a variação da demanda ao longo do tempo reforçam a adoção do cadastro de reserva.
O prazo de validade dos concursos e dos cadastros de reserva é o mesmo: até dois anos, prorrogáveis por mais dois, conforme a Constituição Federal.
Recusar-se a participar porque é cadastro de reserva é, muitas vezes, desperdiçar uma oportunidade.
A aprovação exige estratégia, paciência e, acima de tudo, tempo.
Carga horária: a batalha pelas 25 horas
A carga horária também gera muitas discussões, especialmente entre profissionais de jornalismo.
A legislação prevê jornada normal de cinco horas diárias, entre 25 e 30 horas semanais.
Contudo, muitos editais estabelecem 40 horas.
Essa divergência alimenta a antiga queixa, sempre retomada, sobre a ampliação da jornada.
Nesses casos, é recomendável acionar o sindicato da categoria para pleitear a adequação da carga horária prevista no edital, mediante negociação e a legislação.
Em algumas situações, a jornada ampliada decorre da realidade do órgão e da descrição das atividades, que nem sempre estão diretamente ligadas ao jornalismo.
Conflitos entre cargo e atribuições
Há editais que utilizam denominações variadas – analista de comunicação, comunicador social – mas descrevem atribuições claramente jornalísticas.
Existe, ainda, a discussão sobre quem é jornalista no setor público.
Uma corrente afirma que jornalista é quem atua em redações de veículos de comunicação.
Outra sustenta que assessores de comunicação executam tarefas equivalentes, devido à semelhança dos processos e rotinas.
Os campos de comunicação social e jornalismo se sobrepõem, sobretudo porque a habilitação define a atuação profissional.
O debate se tornou mais complexo após o fim da exigência do diploma de jornalista.
As redes sociais tornaram-se simulacros do jornalismo, criando um ambiente em que qualquer pessoa pode produzir conteúdo jornalístico, inclusive com risco de disseminar informações falsas.
Nesse contexto, muitos órgãos optam por denominações mais amplas para o cargo, ajustando-se a esse ambiente híbrido.
Jornada de estudo: planejamento é tudo
O tempo disponível entre o edital e a prova costuma ser curto, às vezes de apenas 30 a 40 dias.
Esse prazo pressiona, reduz o foco e impacta a saúde mental e física.
O ideal é organizar o estudo em blocos de 50 minutos, com pausas de 10 minutos.
A maioria estuda em casa, em condições nem sempre adequadas: móveis desconfortáveis, ruídos, iluminação insuficiente e interrupções frequentes.
Outro desafio é estudar à noite, quando o rendimento cognitivo tende a ser menor.
O período da manhã, em geral, favorece o raciocínio.
Sono e alimentação também interferem.
Dormir cerca de oito horas melhora a concentração e a retenção de conteúdo.
A mente funciona por metas. Por isso, o planejamento é determinante.
E não se trata apenas de estudar: é preciso equilibrar a rotina com lazer.
Cinema, shows, encontros com amigos, namoro e momentos de descanso fazem bem.
Estudo: a leitura é indispensável
Muitos cursinhos enfatizam videoaulas e professores com perfil de influenciador.
Contudo, videoaula é ensino, não aprendizagem.
Ajuda a compreender o tema, mas contribui pouco para a memorização.
A leitura de livros e resumos é fundamental.
Ela melhora a interpretação e reduz erros por dúvida ou insegurança (chutes).
As bancas retiram questões de livros, e poucas divulgam a bibliografia.
Todas as provas, até hoje, são escritas.
Mesmo com a possibilidade futura de provas on-line, o domínio do texto permanece central.
Para consolidar a aprendizagem, é indispensável resolver exercícios, jogos de memória e simulados com questões comentadas.
Os simulados testam, fixam e treinam o candidato.
Jogos de memória ajudam a motivar e acompanhar o progresso.
Os cursinhos podem auxiliar, mas não garantem aprovação.
Não existe cursinho “que mais aprova”. A aprovação depende do candidato.
Por isso, o ideal é combinar apostilas com resumos, jogos de memória e simulados comentados.
Bancas: a arte de eliminar candidatos
Poucas bancas produzem provas de alta qualidade.
As mais respeitadas também são criticadas pela complexidade e rigidez.
Os estilos variam, mas, para não se perder, o candidato deve resolver simulados da banca responsável pelo concurso desejado.
As bancas menores, muitas vezes, adquirem questões de instituições maiores, como FGV, FCC e Cebraspe.
As bancas ligadas às universidades utilizam seus docentes, o que fortalece o caráter teórico das provas.
É importante lembrar que as bancas não fazem concursos para aprovar.
Elas precisam eliminar a maior parte dos candidatos, considerando a relação candidato/vaga.
Por isso usam pegadinhas, enunciados longos e alternativas confusas.
Para promover o desempate, incluem etapas adicionais, como redação, títulos e avaliações específicas.
Pós-aprovação: expectativas e paciência
Após a aprovação, surgem novos desafios:
- Identificação de questões mal formuladas, exigindo recursos;
- Espera prolongada para convocação;
- Risco de perder a vaga por decisões judiciais ou recursos de outros candidatos;
- Exigências documentais rígidas, incluindo comprovações e certidões.
Além disso, podem surgir frustrações, especialmente pela desvalorização do serviço público.
A fase pós-prova exige atenção, paciência e organização.
Dicas para passar
O caminho para a aprovação não é uma linha reta, mas sim uma jornada de aprendizado contínuo e adaptação.
Essa jornada pode envolver vários concursos e, em muitos casos, anos de tentativas.
Ao compreender os limites de cada edital e adaptar às expectativas, o candidato reduz a frustração e mantém o foco.
Estudar com método, conhecer a banca, planejar a rotina e usar materiais adequados, são os pilares da sua aprovação.
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